O Ano Novo chega com esperanças para os portadores de distrofias retinianas, principalmente a retinose pigmentar

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O Ano Novo chega com esperanças para os portadores de distrofias retinianas, principalmente a retinose pigmentar

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Campo visual restrito a área central (visão tubular) em pacientes portadores de retinose pigmentar.

 

Pesquisas sobre uma série de graves doenças retinianas, das quais se destacam a retinose pigmentar, a amaurose congênita de Leber e a doença de Stargardt, permitem antever soluções para algumas delas.


D oença de caráter hereditário e de aparecimento na adolescência, a mais comum delas, a retinose pigmentar costuma evoluir com perda gradativa da visão, inicialmente com redução da visão periférica. A sua manifestação mais comum é a dificuldade em reconhecer objetos ou caminhar em ambientes pouco iluminados. Afeta cerca de um a cada 4.000 norteamericanos, nos quais ocorre uma mutação genética no tecido sensorial retiniano. Várias experiências foram tentadas no passado para reverter a sua progressão. Uma das mais polêmicas foi um tratamento proposto por médicos cubanos na década de 1980, consistindo em uma cirurgia para implante de tecido aminiótico próximo a região do nervo óptico. Os poucos resultados destas pesquisas nunca foram suficientemente esclarecedoras para sensibilizar seu uso nos grandes centros médicos mundiais, gerando uma desconfiança por parte dos especialistas quanto à sua real eficácia.

Outra linha de pesquisa tem sido a implantação de “chips” intraretinianos, que já demonstra poder se converter numa solução não apenas para pacientes portadores destas distrofias genéticas mas também para degeneração macular associada a idade em estágio bastante avançado e com perda total da visão central.

 

Um laboratório norteamericano, Spark Therapeutics, da Filadélfia, acaba de anunciar o lançamento comercial de uma terapia genética baseada em injeção intravítrea, de uso único, de células para corrigir as alterações retinianas presentes na retinose pigmentar. A nova droga, voretigene neparvovec rzil, conhecida comercialmente como Luxturna, está estimada a um custo de US$850,000.00 pelos dois olhos de portadores de biallelic RPE 65 mutation-associated retinal distrophy Enquanto alguns especialistas aguardam com cuidado resultados de médio e longo prazos sobre o uso desta alternativa terapêutica, outros acreditam que esta abordagem possa contribuir para um melhor conhecimento de outras manifestações de distrofias retinianas e seu possível, e esperado, tratamento.

Enquanto a cura destas doenças não está ainda disponível, uma série de cuidados especiais podem ser tomados para preservar a função das células fotoreceptoras. Abandonar o tabagismo, aumentar a ingestão de peixes e ovos, principalmente a gema (rica em luteína), verduras, medicamentos ricos em Omega 3, selênio, zinco, magnésio, evitar exposição aos raios ultravioletas, são algumas das medidas que podem trazer alguns benefícios para tais pacientes.


Dr. Miguel Padilha
Dr. Miguel Padilha
Membro Titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia